quinta-feira, 5 de maio de 2011

Pigmentos Maculares e Saúde dos Olhos

Texto publicado na Revista Linha Médica - Março 2011
Luteína e Zeaxantina
Grupo de fitoquímicos amplamente estudado, os carotenóides fazem parte do sistema de defesa antioxidante do organismo capaz de prevenir os danos causados pelos radicais livres nos tecidos. A luteína e a zeaxantina são carotenóides cujas concentrações são mais elevadas na região macular (área central localizada na retina), responsável pela visão nítida das imagens. Esses pigmentos maculares auxiliam na absorção da luz azul prejudicial aos olhos, agindo na remoção de radicais livres e formas reativas de oxigênio provenientes da atividade metabólica.
Desta maneira, inúmeros estudos evidenciam que estes compostos possuem efeito positivo na redução do risco do desenvolvimento da degeneração macular relacionada à idade (DMRI), no aparecimento de glaucoma, catarata e outras doenças.
Em um estudo realizado com 2454 indivíduos com idade acima de 49 anos foram analisadas as ingestões de alguns antioxidantes como a luteína e a zeaxantina para estimar a relação de seu consumo com o risco no desenvolvimento a longo prazo de DMRI. Os participantes foram acompanhados por 10 anos e os pesquisadores concluíram que aqueles classificados no maior tercil de consumo destes compostos apresentaram menor risco de DMRI (Tan et al., 2007). Outro estudo verificou que a ingestão elevada de luteína e zeaxantina através da dieta (brócolis, espinafre e ovos) está associada à diminuição em 20% no risco de catarata (Moeller et al., 2000).
 A obtenção destas substâncias oxidantes deve provir de uma dieta balanceada incluindo o consumo de alimentos ricos nesses compostos como frutas e verduras de pigmentação amarela e verde-escura (kiwi, milho, uva itália, abobrinha, espinafre, couve, agrião, brócolis), ovos ou pelo uso de suplementos dietéticos (Castenmiller et al., 1999; Sommerburg et al., 1998).
Um fator importante a ser observado é a biodisponibilidade (quantidade em função da velocidade que um princípio ativo é absorvido e se torna disponível no sítio de ação) destes antioxidantes em alimentos. A gema de ovo é uma das fontes com maior biodisponibilidade de luteína, mas o mecanismo como isso ocorre ainda não é bem elucidado, no entanto, acredita-se que há uma interação entre os componentes do ovo que acabam por aumentar essa biodisponibilidade (Chung; Rasmussen; Johnson, 2004). Um ensaio randomizado realizado com 33 indivíduos com mais 60 anos investigou o efeito do consumo de um ovo por dia durante 5 semanas nas concentrações séricas de luteína, zeaxantina e colesterol. Houve um aumento de 26% na concentração sérica de luteína e 38% de zeaxantina. Não foram observados aumentos nas concentrações de colesterol, HDL-c, LDL-c e triglicérides. Além disso, biodisponibilidade da luteína e zeaxantina é aumentada na presença de óleos ricos em ácido oléico, portanto consumí-los na presença de azeite de oliva auxilia na melhor absorção destes compostos (Lakshminarayana et al., 2007).
Em relação ao uso de suplementos, estudos demonstram que estes devem ser consumidos às refeições para promover a absorção e diminuir a chance de desconforto gástrico e doses de aproximadamente 6 mg de luteína estão relacionadas com a redução em até 50% da prevalência de DMRI (Barlett; Eperjesi, 2003).
O consumo de frutas, verduras e legumes ricos em carotenóides, já mencionados anteriormente, deve ser considerado o primeiro fator para aumentar a ingestão de luteína e zeaxantina. No entanto, o consumo destes alimentos caiu mais de 20% nos grupos que possuem maior risco em desenvolver DMRI, as mulheres e os idosos (Granado, Olmedilla, Blanco, 2003; Gruber et al., 2004). Desta forma, são necessárias iniciativas de prevenção voltadas à nutrição individualizada visando estimular a ingestão adequada destes alimentos e promover a saúde ocular da população.

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